Santarém viveu uma semana agitada entre 10 e 17 de Janeiro de 1919, quando a cidade foi palco de uma inédita revolta que envolveu civis e militares do mesmo lado.
O movimento revolucionário que Santarém testemunhou teve focos semelhantes em Lisboa ou Covilhã, locais onde os levantamentos populares foram controlados sem grande dificuldade. Em Santarém, a situação foi muito diferente. Para além de envolver um maior número de tropas sublevadas, reuniu do mesmo lado elementos democráticos, evolucionistas, independentes, ex-sidonistas e socialistas.
Numa proclamação saída de Santarém, os revoltosos exigiam a demissão do então governo de Tamagnini Barbosa, a dissolução do Congresso ou a realização de eleições livres. Deixava ainda indicações para a formação de um novo governo, constituído pelos partidos republicanos e socialista, mas que integrasse igualmente personalidades sem qualquer filiação partidária.
Perante a falta de entendimento e a recusa de qualquer negociação por parte das forças governamentais, a cidade foi bombardeada no dia 14 de Janeiro, por engenhos disparados a partir de aviões que descolaram da base aérea de Tancos, em Vila Nova da Barquinha. Em terra, o planalto escalabitano foi cercado e atacado por colunas militares vindas de Lisboa, Alentejo, Coimbra e Porto. Contaram-se 12 mortos e vários feridos entre os revoltosos sitiados.
Bombas e rendição
A 15 de Janeiro, com a cidade rodeada por uma força militar que chegou a contar com 15 mil homens, os revoltosos viram-se forçados a aceitar negociações para definir os termos da rendição. Os líderes da revolta depuseram as armas e renderam-se formalmente dois dias depois, a 17 de Janeiro. Terminava assim, a chamada 'Revolução de Santarém'.
Os acontecimentos foram seguidos em todo o país, que acompanhou a revolta através de várias notas oficiosas distribuídas pelo governo entre a Imprensa nacional.
Com o levantamento dominado, a 17 de Janeiro de 1919, podia ler-se que “as tropas leais ao governo ocuparam Santarém desde esta manhã. O Sr. Coronel Andrade Velez que era quem comandava as operações militares do sul assumiu o comando militar de Santarém. Foram organizadas colunas volantes para a captura dos revoltosos que não foram presos por andarem a monte. O serviço de combóios na linha do norte fica hoje normalizado”. E assim foi. Carlos Quintino
As imagens, captadas pelo fotógrafo Franco Anselmo, mostram o Campo Sá da Bandeira após a entrada na cidade das tropas leais ao governo e a realização de uma missa em homenagem aos mortos do conflito
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