Ao longo dos tempos, as muralhas de Santarém chegaram a ter, pelo menos, sete portas que permitiam o acesso à cidadela do planalto
O perímetro das muralhas da antiga vila abrangia cerca de 33 hectares, ocupando o recinto urbano da Alcáçova quatro desses hectares. Durante o período medieval o conjunto amuralhado terá chegado a estender-se por mais de nove quilómetros. Os limites da muralha chegavam até aos dois bairros ainda hoje existentes na zona ribeirinha do rio Tejo, Ribeira e Alfange.
O castelo do planalto da Alcáçova, de tipologia militar, românica, gótica e maneirista, foi construído no local onde se situava um antigo castro. Ao longo dos anos terá sido ocupado por fenícios, gregos, romanos, visigodos e árabes. Após a conquista aos mouros, em 1147, as estruturas primitivas foram remodeladas e reforçadas.
As muralhas eram rasgadas por diversas portas que permitiam aceder ao interior da antiga cidadela. Essas entradas incluíam a Porta de Alpram, de acesso ao planalto de Marvila; a Porta do Sol, de acesso a Alfange; a Porta do Castelo ou de Santiago, de acesso à Alcaçova; a Porta da Atamarma, também com acesso à Ribeira; a Porta das Figueiras; a Porta de Leiria; a Porta de São Manços ou ainda a Porta de Valada, que permitia uma ligação pelo Sul ao núcleo urbano da antiga vila medieval.
Muros abaixo
Entre os séculos X e XX todo o conjunto amuralhado foi sujeito a diversas reparações e alterações, além de terem igualmente ocorrido várias derrocadas e aluimentos que obrigaram a novas obras de reconstrução. A partir do final do século XVIII desapareceram troços significativos dos velhos muros, tendo-se perdido toda uma visão de conjunto da antiga muralha.
A partir de 1837, numa tentativa de modernizar o espaço da cidade, a Câmara Municipal de Santarém demoliu as portas de acesso para ampliar as vias de comunicação existentes. Já sem qualquer função defensiva, certos troços da muralha foram sendo progressivamente ocultados pelo crescimento urbano.
Em 1865 foi deitada a baixo a Porta de Atamarma, e, entre 1875 e 1876, a de Manços teve igual destino. Apesar de a muralha se encontrar classificada como Monumento Nacional desde 1917, a destruição continuou até 1964, quando foram demolidos alguns troços amuralhados, durante as obras de construção do Museu Distrital de Santarém. A última derrocada terá ocorrido em 2000 quando ruiu um troço da velha muralha, na zona na Alcaçova. Carlos Quintino
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